Estamos meio sumidos porque nao temos tido grandes emoçoes nem maiores aventuras. A única coisa que aconteceu nesses dias foi que chegou minha "Carta Regionale dei Servizi", que é um cartao com chip que ENGLOBA a carteirinha de saúde e o Codice Fiscale (equivalente ao CPF). Aproveitando o ENSEJO, conto como se sucederam as burocracias.
Quando chegamos, a primeira coisa que tentamos fazer foi comprar um chip pro celular, mas aí soubemos que pra isso eu precisava do Codice Fiscale (doravante chamaremos apenas de CF) ou pagar 20 euros a mais - nao sei se é assim em todas as operadoras, e tb aquele nosso CHAPA da Wind nao me parece o maior seguidor de protocolos do mundo.
Fomos no Comune (aquele prédio onde na frente tem a estátua do calzolaio, da foto) e no guichê de estrangeiros uma mocinha grávida muito simpática deu as coordenadas todas. Eu, sendo italiana, tinha que 1) ir na Agenzia delle Entrate ("agencia das entradas") fazer a requisiçao do CF, 2) voltar no Comune, ir num guichê da Anagrafe (anágrafe é tipo o registro civil) pedir a residência e 3) ir na ASL (pronúncia italiana: ázzzzl) pedir a carteira de saúde. Para quem nao sabe, a residência aqui é um dado fundamental do cidadao, entao se a pessoa se muda é como se casasse, tem que avisar. O Marcelo, segundo ela, sendo brasileiro e sem visto (como turista pode ficar 90 dias sem visto), tinha q fazer uma declaracao de presença na polícia - o que achamos estranho pq eu tinha lido que nao precisava de nada. Mas se a mocinha do guichê de estrangeiros estava dizendo, né... Ela marcou todos esses lugares num mapa que nos deu, e disse que se fossemos a pé a todos no mesmo dia perderiamos "un paio di chili" (um PAR de quilos), por isso fomos direto (mentira, iriamos de qq forma). Tinhamos deixado os guarda-chuvas na entrada e na saída eles estavam lá!
Fomos entao na Agenzia delle Entrate. Preenchi um formulario, esperei sentada chamarem a senha (foi rapido) e entreguei um xerox do passaporte. Me deram uma folha onde já tinha o número do CF, nao precisa esperar o cartao em si.
Voltamos no Comune, fui num guichê da Anagrafe e MUNIDA do CF pedi a residencia. A moçoila deste guichê disse que ia encaminhar mas que eu deveria pedir pro Comune onde estao meus documentos que eles mandassem os ditos pra cá. Pra quem faz o processo da cidadania no Brasil, o consulado manda os docs pro Comune de onde saiu o antepassado italiano. Pelo q entendi, quando a pessoa se muda aqui, os tais docs se mudam tambem. Esta moça tambem me deu uma folhinha atestando q eu estava à espera da confirmacao da residencia.
MUNIDA da dita folhinha e do numero do CF, fui na ASL, que foi onde esperamos mais tempo (sim, o Marcelo sempre junto) mas também tinha lugar pra sentar. Escolhi meu médico (péssima escolha: peguei o primeiro da lista pq lembrava de já ter visto a rua do endereço dele. Meu raciocinio foi que pelo menos eu ja tinha passado por aquela rua entao nao seria numa BIRAQÜÉRA (= muito longe), mas depois descobri que era muito longe de casa pra ir numa situaçao de maleza. Mas ok, posso trocar depois) e a moça falou algo sobre minha residencia ainda ter que ser confirmada, que às vezes nao se confirma por algum motivo e tal, o que me levou a crer q a ASL esperaria a confirmaçao da residencia pra efetivar minha inscricao ali - mas depois veremos que minha CRENÇA nao tinha fundamento, o que entao me faz pensar POR QUE DIABOS a moça fez tal discurso.
(parenteses sobre o "meu" médico: quando nos inscrevemos no sistema público de saúde aqui, escolhemos um médico pra chamar de nosso. Ele vai ser tipo o nosso POSTINHO de saúde particular. Quando temos uma maleza, vamos ve-lo ao invés de ir num posto ou no HPS - se bem q pra emergencias nao sei como funciona - e se for o caso, ele encaminha pra um especialista. Nao sei bem quais os criterios mas dependendo ele vem em casa - o que acho JUSTISSIMO pq é o fim da várzea a gente num estado deploravel tendo que se vestir e pegar um taxi pra ir na emergencia da santa casa (isso fui eu né, q felizmente podia pegar taxi). Aí pode-se escolher um conhecido ou recomendado, ou um que seja mais perto de casa etc. Como eu nao conheço ninguem, fui ver na lista pelo endereço)
Nisso já passava das 13h e paramos pra comer a primeira piadina das nossas vidas, numa espécie de mcdonalds das piadinas, pq vi que tem em muitas cidades - achei fantástica!
Devidamente alimentados, rumamos pra policia. Não é que seja assim loooonge mas depois das caminhadas matinais, era. LÁ CHEGANDO, vimos numa placa no portao que o Ufficio Stranieri nao estava aberto sexta de tarde, e já nos preparávamos pra anotar os horários de funcionamento quando uma voz surge do interfone perguntando o que queriamos. Vejam que eles estao sempre atentos lá "NA MOCOZA" (expressao da familia do Marcelo). Expliquei e o poliziotto mandou entrarmos. Logo na entrada DÁ-SE de cara com uma sala estilo aquario, estava tudo meio escuro fora dele e lá dentro o poliziotto fardado bigodudo FUMANDO naquele ambiente fechado... bom, o dito muito empertigado disse q tinhamos q ir era na segunda de manhã, e a saga contarei num post separado.
Mui bien, 2 semanas depois deste dia chegamos em casa de uma outra saidinha e tinha um avisinho na caixa de correio dizendo que tinham vindo verificar a residencia, e no dia seguinte fui no Comune mostrar que a caixa de correio era minha mesmo, um tiozinho muito simpático preencheu umas coisas e disse q agora só devo esperar a cartinha da confirmação - que ainda nao chegou. E, finalmente, 3 semanas depois do pedido chegou minha já citada CRS - a junção do CF com a carteira de saúde (esta parte da saúde vale também em toda a uniao europeia como um seguro saúde).
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
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